27º DOMINGO DO TEMPO COMUM - C
Por Máxemo de Jesus
Meus
queridos Irmãos e Irmãs, duas palavras hoje nos convidam para a reflexão em
torno de toda a liturgia: a FÉ e a FIDELIDADE. Quando Habacuc, na primeira
leitura, diante da desordem em Judá, nos últimos anos antes do exílio, grita a
Deus com impaciência, quase com desespero, Deus anuncia que ele tratará o mal
por um remédio mais tremendo ainda: os babilônicos. À objeção de Habacuc contra
esta solução, o Senhor Deus responde: “Eu sei que o faço; não preciso prestar
contas; mas os justos se salvarão por sua fidelidade”.
Na
primeira leitura (Hab 1,2-3; 2,2-4) o profeta pede explicação a Deus – Este
trecho é um diálogo entre Deus e o profeta. O profeta se queixa, por causa do
tirano rei Joaquim, que reinava sobre Judá entre o período de 609-598aC, porque
a impiedade está vencendo. O direito e o próprio justo são pisados ao pé.
Resposta: vem coisa pior ainda! Deus não precisa prestar contas para o homem.
Este é que lhe deve obediência, também nas horas negras.
Caros
fiéis, a Segunda Carta de São Paulo a Timóteo contém, como a primeira,
conselhos pastorais do Apóstolo Paulo para o seu grande colaborador e sucessor
na animação das Igrejas da Ásia: esse Timóteo que acompanhou Paulo nas suas
viagens missionárias e que, segundo a tradição, foi bispo de Éfeso. Também
aqui, é muito duvidoso que seja Paulo o autor deste texto. Os argumentos são os
mesmos que vimos, a propósito da Primeira Carta a Timóteo: linguagem diferente
da utilizada habitualmente por Paulo, estilo diferente, doutrinas diferentes e,
sobretudo, um contexto eclesial que nos situa mais no final do séc. I ou
princípios do séc. II do que na época de Paulo (o grande problema destas cartas
já não é o anunciar o Evangelho, mas o “conservar a fé”, frente aos falsos
mestres que se infiltram nas comunidades e que ensinam falsas doutrinas). De
qualquer forma, quem escreve a carta (e que se apresenta na pele de Paulo) diz
encontrar-se na prisão e pressentir a proximidade da morte. Exorta
insistentemente Timóteo a perseverar no ministério e a conservar a sã doutrina.
É uma espécie de “testamento”, no qual Timóteo (que aqui representa todos os
animadores das comunidades cristãs) é convidado a manter-se fiel ao ministério
e à doutrina recebidos dos apóstolos.
Assim,
hoje, Jesus no Evangelho (Lc. 17,5-10), capítulo 17 de São Lucas, nos fala da
fé, razão propulsora da misericórdia. Jesus não diz o que é a fé, mas apresenta
qualidades da fé, que nos ajudam a examinar a fé que temos e que professamos. A
fé é uma experiência pessoal que nós vamos evoluindo para se transformar numa
experiência comunitária ou eclesial que nos enche de encantamento na busca do
rosto de Deus. A fé pessoal tem que se transformar em fé eclesial ou religiosa.
Confiamos, mesmo contra todas as nossas tendências e pecados, na misericórdia
de Deus que nos embala pela força do Santo Espírito na vivência da fé pela
Palavra de Deus e pela celebração dos sacramentos e sacramentais. Irmãos e
Irmãs, Jesus apresenta o Deus misericordioso, que abraça o filho pródigo, sem
pedir satisfações nem impor condições. Assim deve ser a nossa práxis cristã.
Jesus nos ensina que o perdão não tem limites e isso a homens cuja generosidade
maior havia chegado até a lei do talião, isto é, “elas por elas”.
Assim,
a Comunidade eclesial, neste dia do Senhor, é convidada com insistência a dar
graças a Deus e unir à oferta de Cristo todas essas experiências de páscoa. Por
elas os cristãos fazem uso dos bens materiais sem, no entanto, a elas estarem
escravizados. A confiança em Cristo liberta o coração do homem para Deus e para
os irmãos. Por isso rezemos com insistência: “Senhor, aumentai a nossa fé!”.
Homilia / Pároco da Paroquia Nossa Senhora de Guadalupe em Paço do Lumiar/ MA.
E-mail: maxemodejesus@Yahoo.com.br
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