MISSA DA CEIA DO SENHOR - C
Por Máxemo de Jesus
Meus queridos Irmãos, Iniciamos nesta noite o Sagrado Tríduo da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na manhã de hoje nas Catedrais de todas as Dioceses do
Orbe refletimos sobre a bênção dos Santos óleos dos catecúmenos, dos enfermos e
do crisma. Os presbíteros renovaram as suas promessas sacerdotais.
Nesta noite renovamos nosso propósito de refletir sobre
o mandamento do amor. O mistério eucarístico somente poderá ser entendido na
dinâmica do serviço. Não pode ser consagrado o Pão onde não há um desejo
sincero do seguimento de Cristo, ou seja, do serviço a Cristo na pessoa do
próximo, daquele que está à margem da sociedade, do sofrimento, de servir aos
irmãos que peregrinam conosco para a Jerusalém Celeste. Devemos comungar com o
Senhor, mas devemos comungar para a vida cotidiana, pavimentando assim a vida
eterna.
Irmãos
e Irmãs, hoje termina a Quaresma. Adentramos
no Tríduo Pascal. Depois de quarenta dias de penitência, de jejum e de
conversão, com o tríduo Sacro inicia-se a celebração pascal, pois a morte e a
ressurreição de Jesus constituem uma unidade. Hoje,
na Quinta-feira santa, contemplamos um “adeus”: a despedida de alguém
que vai para o Pai, conforme nos ensina o Evangelho, mas que, ao mesmo tempo,
deixa uma profunda nostalgia, sobretudo por causa do modo como essa despedida
será levada ao termo, na noite seguinte. Daí o espírito bem particular desta
celebração litúrgica: alegria, até jubilosa – o Glória, solenemente entoado,
que somente voltará a ecoar na Vigília Pascal. Mas a alegria é uma alegria em
tom menor, misturada com lágrimas, uma alegria reticente, inibida. É a única
liturgia do ano, em que se canta o glória, sem que se entoe o Aleluia! Essa
liturgia reflete bem o espírito dos fiéis diante dos últimos acontecimentos de
Jesus neste mundo contraditório. Eles sabem o que os apóstolos naquela noite
não sabiam: que Jesus está percorrendo seu caminho até a glória. Ao mesmo
tempo, porém, sentem profundamente a dor desta noite de traição e aflição.
Meus
queridos Irmãos, Celebrar quer dizer
tornar presente, atualizar. Não apenas lembramos o que aconteceu naquela
primeira Quinta-Feira Santa do Cenáculo, mas trazemos para o dia de hoje, com o
mesmo significado, com a mesma força, com as mesmas conseqüências. Conta-nos
João que Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, levou ao
extremo o seu amor por eles” (Jo 13,1). Amor extremado que se manifesta
hoje de três maneiras e em três momentos: na instituição da Eucaristia,
na instituição do sacerdócio ministerial e no mandamento do Amor fraterno.
Celebramos
nesta noite a instituição do banquete eucarístico como motor básico de nossas
vidas de cristãos. Eucaristia que brota do amor, criada por amor, missa que só
se entende por doação e por misericórdia. Amor e doação que acompanha o povo
hebreu desde a libertação de Moisés. Povo que caminhou duzentos anos no Egito e
que, durante o exílio, ano após ano, antes da Páscoa, reuniam-se para celebrar
a graça da libertação.
Jesus,
ao mesmo tempo, institui o sacerdócio ministerial, exatamente para celebrar e
presidir a Eucaristia e tornar o Seu Corpo e o Seu Sangue perenemente presente
renovando a história da Salvação na humanidade. Os padres nasceram e foram
gerados nesta noite santa em que Jesus institui a Eucaristia e instituiu o
ministério presbiteral. O padre e a
eucaristia são irmãos gêmeos, nascidos do mesmo gesto de amor e ao mesmo tempo.
Ministério do padre que é intimamente ligado a Eucaristia e que ilumina toda a
vida sacramental e sacramentaria.
A
Eucaristia é um Deus-amor que se dá. O sacerdote, como a própria palavra o diz,
é um dom de Deus para o povo. E foi para marcar esta doação de Deus e do padre,
que Jesus, nesta noite de Quinta-Feira santa, quebrou novamente o ritual da
ceia pascal judaica. Cingiu uma toalha e pôs-se a lavar os pés dos Apóstolos.
Gesto proibido aos mestres. Gesto proibido aos senhores. Gesto proibido até
mesmo aos escravos. O Evangelista João, que encheu, de forma muito densa, todo
capítulo sexto do seu Evangelho com o mistério eucarístico, na última Ceia
destaca o exemplo do lava-pés, de profunda doação e partilha.
Esta
liturgia deve fazer penetrar em nós, por seu rito e pela palavra que o explica,
o sentido salvífico da Cruz de Cristo, no sentido de que o cristão, aceitando o
esvaziamento de Jesus por nós e associando-se a seu modo de viver e morrer
entra na comunhão eterna com ele e com o Pai, Amém!
Homilia / Pároco da Paroquia Nossa
Senhora de Guadalupe em Paço do Lumiar/ MA.
E-mail: maxemodejesus@Yahoo.com.br
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