SEXTA-FEIRA SANTA
Por Máxemo de Jesus
Caríssimos irmãos, recordar a morte e
Ressurreição de Cristo nos ritos do Tríduo Pascal, significa viver em profunda
e solidária adesão ao hoje da história, convencidos de que aquilo que
celebramos é realidade viva e atual. A liturgia da ação litúrgica da sexta-feira
santa deve ser permeada pelo silêncio rico de oração. Por isso nestes dias do
Tríduo Pascal nos estamos seguindo os passos do Senhor mais detidamente que na
Quaresma. O Tríduo Sacro é um grande drama, uma grande encenação para que
possamos reviver o sofrimento do Senhor Jesus. Tendo celebrado a instituição da
Eucaristia, do sacerdócio ministerial e do sacramento do amor, a Igreja somente
voltará a celebrar a missa na vigília pascal do Sábado Santo, não havendo,
portanto, missa na sexta-feira santa.
Assim, hoje celebramos a chamada Ação
Litúrgica, com as leituras próprias, o quarto canto do servo de Javé, o justo
que morreu pelo povo (Is 52,13-53,12), a leitura da carta aos Hebreus que
relata que Jesus viveu a profundeza da desolação humana, mas por sua obediência
foi atendido por Deus e a narração da Paixão de Jesus Cristo segundo João.
Portanto, a Primeira Leitura deste Rito,
mostra que a jovem Igreja que encontrou o fio escondido com a existência de
Jesus revelou e levou ao fim: a doação da vida do justo, pela salvação dos
irmãos, mesmo dos que o rejeitaram. Como ensina a Leitura de São Paulo aos
Hebreus, Jesus participou em tudo de nossa condição humana, menos no pecado.
Ressalta que sua existência não foi alheia á nossa como a de um anjo. Jesus
teve de descobrir continuamente, como cada um de nós, o sentido de sua
existência, embora a vivesse de modo divino, em contínua união com o Pai.
Estamos diante do despojamento do Cristo e da
sua verdadeira humanidade que é necessária para compreender a cristologia da
glória no relato da Paixão de Jesus segundo São João. O Apóstolo amado mostra o
sofrimento do Cristo fortemente à luz da fé pós-pascal. Mas nem por isso nega a
dimensão trágica da experiência humana de Jesus. É no abismo do sofrimento total
de Jesus que realiza a realidade da revelação da glória de Deus, que é amor
incomensurável. Estamos diante da majestade de Jesus na hora de sua prisão, na
calada da noite; a ironia em redor do “rei dos judeus” que Pilatos declara,
formalmente, ser Jesus; o sentido do Reino de Jesus; e a cena de sua morte,
fonte de Espírito e de vida plena, doada. O Cristo da Paixão é parecido com
aquele Cristo vestido de traje sacerdotal ou real, coroado do diadema imperial.
Sabemos que daqui a pouco, depois de termos
ouvido estas narrações, teremos a veneração da Cruz gloriosa, quando queremos
com a Igreja do Mundo inteiro rezar pelo Sumo Pontífice FranciscoI, pelo nosso
Arcebispo Dom Belizário, pelo colégio dos Bispos e por todo o clero, pelos
leigos e pelos catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que
não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, mas manifestam boa vontade,
pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provocações. Tendo acolhido a
todos no amor reconciliador de Cristo, a Mãe Igreja enaltece a árvore da vida,
que floriu e deu fruto, restituindo o paraíso à humanidade. É o rito da
glorificação e da adoração da Cruz, seguido do ósculo.
Finalmente, nós nos atreveremos a comer do
fruto da árvore, o Pão vivo descido do céu, a sagrada Comunhão como
prolongamento da Missa da Ceia do Senhor, da instituição da Eucaristia, do
sacerdócio ministerial e do dia do amor. Que nós, vivendo esta ação Litúrgica,
possamos atender o convite da Esposa, a Igreja, enquanto o Esposo, o Cristo,
dorme, a permanecer com Maria junto do sepulcro, meditando a Paixão e a Morte
do Senhor até que, após a solene Vigília em que espera a ressurreição, se
entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinquenta dias.
Por isso já não somos impotentes diante do
sofrimento e do mal. A solidariedade com Jesus e, através da sua Cruz, a
solidariedade entre nós, pode fazer com que a Páscoa seja não apenas um rito
anual, mas a segurança de uma Graça libertadora que nos será dada
abundantemente, na medida do nosso compromisso com o caminho de Jesus, que é de
libertação e de compromisso com a vida plena. Amém
Homilia
/ Pároco da Paroquia Nossa Senhora de Guadalupe em Paço do Lumiar/ MA.
E-mail:
maxemodejesus@Yahoo.com.br

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